Frescobol e relações humanas


Gostaria de aproveitar uma metáfora trazida por Rubem Alves a respeito das relações no casamento, “Frescobol X Tênis”, em que se alude a respeito do modo como os casais se relacionam, se do tipo cooperativo, próprio de uma partida de frescobol ou do modo competitivo, típico de uma partida de tênis e pensar sobre nossas relações de um modo geral.

De que modo você se relaciona com seus pares, seja no casamento, nas redes sociais, na família, entre amigos? Como você lida com assuntos como política, religião? Ou como lida com assuntos polêmicos como: aborto, homossexualidade? Não é difícil diagnosticar que se relacionar em nosso tempo tem sido uma tarefa um tanto quanto desafiadora.

Passo às lições de um jogo de frescobol para de algum modo pensarmos nossas relações. Quem jogou frescobol pelo menos uma vez na vida, pôde saborear que a vitória é sempre dos dois e a derrota também, diferentemente de uma partida de tênis em que o corte define um lance decretando um perdedor e um ganhador. No frescobol somos solidários na tristeza e na alegria.

Nesse jogo, assim como na vida, podemos pensar que o jogo do ganha-ganha é sempre melhor do que criar um mundo de polarizações entre ganhadores e perdedores. O bom é se esforçar para não errar e procurar corrigir a jogada defeituosa do outro a fim de manter a bola no ar. No frescobol há um sutil jogo de perdão e reconciliação.

Se o outro acerta, melhor para mim, facilita minha jogada. Se ele erra, não hei de condená-lo, mas o ajudarei para que o jogo continue. Se erro, tenho a certeza de que do outro lado encontrarei compaixão e misericórdia para que me dê a oportunidade de devolver com uma melhor jogada. O importante é manter a bola no ar. O frescobol nos ensina sobre empatia. 

E nesse jogo do vai e vem, vamos ficando mais craques. Desenvolvemos nossos potenciais, uma vez que a bola passa mais tempo no ar. Se ela cai, começa tudo de novo e o prazer está em experimentar passar um tempo maior do que o da última vez. O tempo juntos acertando e errando, errando e acertando, nos ensina que não precisamos dar cortadas nos nossos pares. O frescobol nos ensina sobre cooperação.

E agora? Como viver nossos relacionamentos com os princípios que um jogo tão lúdico nos ensina? A vida é feita de escolhas. Prefiro “largar” a raquete de tênis em minhas relações interpessoais e convidar meus familiares, meus amigos a jogar o jogo da vida como uma partida de frescobol.