Autismo: Desafios, Superações e Fé


Há 8 anos e meio eu ouvia de uma neuropediatra algo que mudaria minha vida completamente e para sempre. Na semana em que meu primogênito, Rafael, completaria 3 anos de idade, ele recebeu o diagnóstico de TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA).

O Autismo é um transtorno de desenvolvimento que atinge quase 2 milhões de brasileiros (1 em cada 65 crianças no mundo são autistas) e afeta principalmente as HABILIDADES SOCIAIS, de COMUNICAÇÃO e COMPORTAMENTO.

Os sintomas do TEA podem variar bastante e vir em diferentes intensidades (por isso o nome "espectro"). Alguns deles são: atraso ou ausência da fala; não atender quando chamado pelo nome; dificuldade de interagir socialmente; dificuldade em lidar com alteração de rotina; movimentos corporais repetitivos; dificuldade de expressar vontades verbalmente; hiperatividade ou muita passividade; choro ou risada inapropriada; sensibilidade a alguns sons...

Caso sejam identificados alguns destes sinais, é preciso buscar um diagnóstico rapidamente para que o tratamento seja iniciado o mais precocemente possível.

Alguns desses sintomas poderiam ser percebidos desde bebezinho, porém naquela época eu não sabia ABSOLUTAMENTE NADA sobre autismo e isso me fez sentir em meio à escuridão.

Naquele tempo a ignorância não me permitiu observar os sinais que gritavam à minha frente,  fez com que meu filho fosse diagnosticado relativamente tarde e me jogou diante de algo totalmente desconhecido.

Acho, acho não, tenho certeza que ouvir esse diagnóstico foi a coisa mais difícil que já ouvi na vida. Chorei, me apavorei, sofri e me senti totalmente perdida diante de um futuro completamente desconhecido e indeterminado.

Mas nunca, em nenhum momento, duvidei de que Deus tinha um propósito para tudo e que, se Ele nos escolheu para essa missão, Ele nos capacitaria!

Mesmo desnorteados, com nossos corações em pedaços, decidimos guardar nossa dor, juntar nossos caquinhos, buscar força no alto e lutar pelo nosso filho.

Logo após o diagnóstico, mesmo vivendo um momento muito difícil, nossa família foi em busca de alternativas para proporcionar um melhor desenvolvimento para ele. E desde o princípio sentimos na pele o quanto essa jornada seria dura e difícil.

Há 8 anos, o autismo era bem menos conhecido que hoje, isso fez o início ser bem complicado. Dificuldades em encontrar escola e terapeutas especializados, tratamentos extremamente caros, ambientes favoráveis para um bom acolhimento de meu filho...

Os primeiros "nãos" começaram a aparecer na procura pela escola "ideal". Situações que machucavam ainda mais um coração abalado e cheio de incertezas.

O apoio da família e amigos e, principalmente, a fé em nosso Deus não nos deixavam desistir e buscar forças para enfrentar todas as adversidades que surgiam.

Ao longo desses anos muitas situações nos incomodavam e sem dúvidas uma das mais difíceis foi ter que nos afastar da igreja. Quando ele tinha entre 4 e 5 anos nós praticamente paramos de ir para igreja, pois era inviável ir com ele.

Desde a esquina já começava a se debater e gritar que não queria ir para igreja. Tentamos por diversas vezes, mas o estresse para ele era tanto que decidimos parar de insistir. Além disso, como me doía assistir as apresentações das crianças do coro infantil e imaginar que eu nunca veria meu filho ali. Isso nos incomodava e entristecia demais.

Eu e meu marido fomos criados na igreja e sabíamos da importância disso para qualquer criança. Eu orava e chorava muito, preocupada em como fazê-lo entender a respeito de Jesus e a importância de ir para igreja.

Até que tivemos a ideia de levar uma de suas terapeutas para o auxiliar nesta interação. Procuramos o ministério infantil, recebemos apoio para “implantar” esta didática, as professoras da EBD abraçaram a causa e isso surtiu um efeito imenso, conseguimos fazê-lo ir para a igreja e, aos poucos, participar.

Aquilo pelo que eu tanto orava e por vezes achava que seria impossível começou a se tornar a mais incrível das realidades! Nosso filho começou a entender os princípios bíblicos, a se interessar pelas histórias bíblicas e, mais que isso, questioná-las e ter prazer no Senhor.

Eu jamais conseguirei expressar minha emoção e gratidão ao Senhor, ao vê-lo participar do coro infantil e de suas apresentações, chegando até a fazer um dueto com seu irmão no microfone, um enorme desafio para um pequeno autista com hipersensibilidade auditiva.

E eu não tenho dúvidas que estas foram apenas algumas de suas superações para honra e glória do Senhor!!!

Por mais difícil e cansativo que possa parecer, nunca devemos desistir de ensinar nossos filhos no caminho do Senhor, pois é promessa dEle que a criança que for ensinada em Seu caminho jamais se desviará dele!

Grande parte das dificuldades que encontramos ao longo desse tempo aconteceu por falta de informação a respeito do TEA, tanto de nossa parte no início, quanto de pessoas à nossa volta. Por isso, entender e informar-se um pouco sobre o assunto é tão importante.

Informação que pode levar ao que é essencial para o bom desenvolvimento de uma criança com TEA: diagnóstico e intervenção precoce.

Informação que não livrará uma mãe, cujo filho acabou de receber o diagnóstico, de sentir que o chão sumiu de seus pés, mas que a fará entender que o autismo não é uma sentença e que a luta dela por seu filho fará toda diferença e fará tudo valer a pena!

2 de Abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Durante este mês fale sobre o autismo a alguém e ajude a espalhar informação e conhecimento.