Brasil! Que País!


Neste mês em que se celebra o Dia da Pátria, gostaria de pensar sobre a nossa terra, partindo do nosso ponto de vista, da nossa experiência como brasileiros, nordestinos, pernambucanos.

Nossa pátria é gigante em sua extensão territorial, sendo o quinto país no mundo, em área. Com isto, temos uma diversidade praticamente continental em regionalismos na linguagem, cultura popular, música, culinária e de beleza na geografia e em toda a extensão do seu litoral.

As variações de clima vão desde locais onde é possível ver neve no inverno, no extremo sul (neste ano de 2021, de forma especial), ao interior do Nordeste, ou mesmo no Centro-Oeste, com temperaturas em torno de 40 graus. Neste aspecto, costumo dizer que somos privilegiados, no litoral do Nordeste, com clima quente, mas não tanto, variando pouco mais de 10 graus ao longo de todo o ano. Num mesmo dia, a variação normalmente não passa de 6 graus entre a mínima e a máxima.

Nossa fauna também é muito rica. Mesmo em um ambiente predominantemente urbano como o nosso, ao nos afastar um pouco, como das vezes em que, nos períodos mais restritos da pandemia, tivemos oportunidade para passar alguns dias na casa pastoral do Park Emanuel, pudemos ter contatos com tantas aves, como bem-te-vis, quero-queros, sabiás-do-campo, carcarás, garças, patos, bacuraus e uma grande quantidade de andorinhas.

Outros encontros casuais envolvem preguiça, jacaré, tartarugas, capivaras e raposas, além, claro, de cães, gatos, bodes e cavalos.

Em se falando das nossas frutas, tanto a diversidade de clima nos permite ter produção de uma grande variedade de frutas em todo o Brasil, como a nossa experiência local também se mostra riquíssima.

Partindo da nossa variedade na área de acampamento da Igreja Emanuel, ali podemos desfrutar de mangas, jambos-do-Pará, jacas, pitombas, azeitonas, cajás, acerolas, bananas, mamões, pitangas, araçás e sapotis. Quantas mais temos ao alcance, produzidas em nossa região!

Poderíamos nos estender falando das nossas riquezas hídricas e minerais, com a produção das hidroelétricas e a exportação de diversos tipos de minérios.

Mas passo a pensar no nosso povo. E aí vem um sentimento misto. De um lado, a alegria de ver um povo caloroso, acolhedor, que se abraça e beija como cumprimentos normais, e que, por isto mesmo, agora, sofre a ausência de contatos mais achegados. Um povo que desponta no mundo com potencial nas artes, na cultura popular, na ciência, na tecnologia e nos esportes.

Mas, por outro lado, boa parte da população vive em pobreza extrema, sem acesso a uma boa educação, sem perspectivas de um melhoramento na qualidade de vida, sofre violência, muitas vezes sob o controle de quadrilhas. Enquanto isso, uma situação como esta é encarada como se fosse algo normal.

Vemos muito mais desses paradoxos nas esferas dos governos municipais, estaduais e federais, nos poderes da república, nos sistemas de ensino, na infraestrutura de saúde, de transportes, na forma como são cobrados impostos e taxas.

Diante de tudo isso, temos visto reações extremadas de todos os lados, o que tem provocado dissenções e separado pessoas dentro de uma mesma família ou até na igreja.

Precisamos do entendimento de que os valores do Reino de Deus estão acima de valores terrenos. Isaías registra: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.8,9).

Devemos orar pelas nossas autoridades, quer estejam agindo corretamente, quer não.

Afinal, todas as coisas estão no controle do nosso Deus. Um pouco antes, Isaías registrava a palavra de Deus: “Agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43.13)

Deus se utilizou de Nabucodonozor, quando efetivou condenação à nação de Israel, por idolatria e confiança em homens e reinos. Depois se utilizou de um homem e um reino, Ciro, rei da Pérsia, para trazer o Seu povo de volta à sua pátria.

A nossa confiança está em Deus e não em homens, partidos ou governos.

Assim sendo, embora tenhamos posições como cidadãos que somos, precisamos respeitar, por outro lado, o direito de cada um ter sua posição a favor ou contra determinada situação.

E, se pensamos nas necessidades do povo, estas são, também, espirituais, na medida em que a maior parte da população ainda não tem a Jesus como Salvador e Senhor. Este senhorio de Cristo em nossas vidas deve nos fazer agir, cada vez mais, como Jesus agiria. Lembrando que Jesus tinha, no Seu grupo mais próximo, entre os doze, um zelote, reacionário contra Roma, e um publicano, cobrador de impostos para Roma.

Que cada um de nós possa expressar a sua posição política, respeitando o mesmo direito para o seu próximo, mas lembrando que somos, prioritariamente, cidadãos dos céus, tendo recebido a ordem de Jesus para levarmos a outros, de quaisquer lados, partidos ou torcidas, a mensagem de perdão, salvação e vida. Vida abundante neste mundo e vida eterna com Senhor no mundo futuro.

O apóstolo João registra as palavras de Jesus quando diz: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.34,35).