Deus Interveio em Nossa História.


"Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca”.

(Lamentações 3:21-25)

 

Estávamos no final do ano de 2020 quando fomos surpreendidos com meu diagnóstico cardiológico nada agradável. O que fazer?

 

Os médicos atestaram que seria necessário abrir o meu tórax em uma cirurgia na válvula aórtica, associada a um aneurisma da aorta. Foram dias de muitas dúvidas. Encontrava-me em uma encruzilhada: Fazer uma cirurgia de grande risco ou deixar que uma morte súbita me sobreviesse.

 

Muitos irmãos oravam conosco. A nossa filha médica se colocou logo a favor da cirurgia. Foi mais ou menos um mês no dilema, quando decidi fazer a cirurgia e todos os exames preparatórios sob os cuidados de Dr. Luís Carlos, que cuidou carinhosamente de mim. 

 

Antes de me internar escrevi um zap para meus amigos mais próximos, evangélicos e não evangélicos. O Senhor me deu a ideia de fazer um comunicado como testemunho. Falava da alegria de estar recebendo meu filho Glênisson que mora nos Estados Unidos, em uma visita muito preciosa. Contava também, que inicialmente, quando tive a notícia da grave cirurgia, via o diagnóstico como uma pena de morte. Contei que, depois, fui amadurecendo a ideia e comecei a me questionar: Como pode ser pena de morte se tenho a garantia da vida eterna? Se não operar, tenho o risco de morte súbita, que, no caso, seria passar desta vida para a vida eterna com Jesus Cristo. Se fizer cirurgia, seria um risco grande, mas com grande possibilidade de dar certo, ou, por outro lado, ir ao encontro do Mestre. Dizia, então: como não sou dona do meu corpo, tenho o dever de cuidar dele da melhor maneira possível. Assim, fiquei orando, pedindo sabedoria a Deus para discernir a Sua vontade: fazer cirurgia de grande porte ou por sonda? Na verdade, a segunda hipótese foi descartada pela própria equipe médica. Depois de todos os exames, se o Senhor da vida me desse mais tempo poderia continuar servindo a Jesus, que morreu para que todos os que O seguem tenham a vida eterna. Terminava a nota dizendo: Hoje, depois do susto, sinto “a alegria do Senhor que é a nossa força” (Ne 8.10). O bom é que estou sob a dependência de Deus. Ele pode todas as coisas, independentemente das dificuldades.  Estou bem; estou pronta para partir ou para ficar. A Ele toda a glória e honra!

 

Experiências no hospital

 

Minha entrada no hospital ocorreu no dia 4 de janeiro de 2021. O Senhor preparou nossa filha Adriana, esposa de nosso filho Greiton, para ser minha acompanhante, pois Gleida, a médica da família, estava impedida de vir para me assistir, por conta da COVID 19. Greiton foi incansável, mesmo trabalhando; além de pastor é engenheiro, pois dessa profissão ele se sustenta. Nosso primogênito passava todos os dias no hospital e tentava resolver todas as pendências com o pai, Pastor Zaqueu, o amor da minha vida, e cuidava das duas casas. Enquanto estava na UTI ele se fazia presente e, com muita sabedoria, fazia amizade com todos os meus atendentes. Que simpático é nosso filho!

 

Antes de ir para a sala de cirurgia, entreguei meu celular para Adriana, pedindo que ela desse as notícias para meus amigos. Eu tinha em mente, principalmente, aqueles que ainda não conheciam o poder de Jesus em sua vida. Não sabia se minha hora de partir estava próxima e queria que todos soubessem que, partindo ou ficando mais um tempo na terra, eu seria feliz, pois estava convicta de que a vontade de Deus seria cumprida. Adriana assumiu meu pedido ao pé da letra. Preparamos uma lista e ela incluiu outros amigos e irmãos para receberem as notícias.

As notícias de Adriana seguiram a mesma linha que eu havia indicado. Mais que isso, eram palavras confortantes e confiantes, acompanhadas de textos bíblicos. Dizia ela: “Passando para deixar as atualizações de hoje. (...) Temos sido esculpidos na virtude e no gomo do fruto do Espírito: Paciência. Temos sido esculpidos ao descansar diariamente nas mãos do Senhor, para nEle esperar. Temos sido esculpidos ao deleite da confiança na providência Divina. De uma forma vívida e perceptível estamos sentindo o sabor do sacramento do momento presente. O tal agora! Esse que temos neste exato momento... Opa! Agora este! Tá, agora este!!! O momento presente! Se de nós há algo que possa chegar a você onde você estiver neste exato momento, que chegue o encorajamento de levantar seus olhos e saber que o Deus Vivo vê você por dentro e por fora. Que você esteja habilitado (a) por Ele a crer, reconhecer, arrepender e receber dEle condição para a vida eterna. Temos aprendido em cada momento presente a olhar para Ele e perceber que cada experiência nos molda para melhor nos encontrar na eternidade. Continuamos contando com suas orações e gratos com tanto cuidado e amor vindo em cada mensagem, cada ligação e cada coração. Deus abençoe a cada um em suas casas. Carinhosamente, todos nós Oliveiras”.

 

Depois das primeiras comunicações, Adriana colocou o nome das notícias de “Extra, extra!” Assim ela dava frequentemente a notícia de meu estado de saúde para nossos amados irmãos e amigos que nos sustentavam em oração.

 

No dia da cirurgia Deus já havia acalmado o meu espírito. Parecia que iria fazer uma das viagens, que costumava fazer com minha irmã Elcy. Fiquei tranquila e confiante. Embora a data da cirurgia tivesse sido protelada, enfim, chegou o dia. Também não sabia que minha irmã Elide havia se hospitalizado com problema cardíaco. Ela teve um AVC e eu nem soube! Mas o Deus que me acompanhava também a sustentava. Na hora de ir para o centro cirúrgico, o Greiton e a Adriana me acompanharam, ele orou comigo e impôs suas mãos sobre mim.

 

Surgiu a primeira notícia. “Extra, extra: em minutos mamãe vai ser levada para o bloco cirúrgico (...) Não queremos deixar de comunicar que é uma grande alegria e consolo saber que não estamos sós. Saber que cada um de vocês nos acompanha em amor, cuidado e oração. Nós que a rodeamos de perto, estamos no mesmo lugar de submissão resoluta Àquele que é tudo em toda a nossa vida”. As respostas foram sempre contundentes vindas de todos os lugares. “Querida Adriana, que lindas e consoladoras são suas palavras.”

 

“Extra, extra: Intercessores conosco, pois Mamãe acaba de sair da cirurgia. Ela foi muito bem-sucedida! 2 horas e meia de cirurgia. Somos gratíssimos aO Senhor!!! Agora, nossa intercessão, não menos intensa, é pelo pós-operatório, tão vital quanto o desempenho cirúrgico. Contentes, no descanso em SUAS mãos, continuamos!!!

 

Nada como ter uma pastora e um pastor nos acompanhando! Além do nosso Pastor maior, pois, “O Senhor é (nosso) Pastor e nada (nos) faltará”. (Salmos. 23.1). O nosso Mestre está sempre presente; o Seu Santo Espírito me acompanhou em todos os instantes. Até nas horas mais difíceis, de muito incômodo, Ele estava presente, como se estivesse me segurando. Sentia-me como se estivesse deitada em uma grande nuvem e os braços do Senhor me embalando. Irmãos e irmãs queridos(as), vocês não podem imaginar a delícia de ter essa sensação! Às vezes, fecho os meus olhos e tento reproduzir aquele momento! Foi Glorioso! Nada do sofrimento se iguala à grandeza da presença de Deus e do seu Santo Espírito. Todos os sofrimentos do mundo são calados mediante a presença de Deus. Penso que, no deserto, o povo de Israel estava tendo essa experiência, de sentir de perto as providências de Deus. O maná de cada dia. Mas na sua humanidade, como nós, tendemos a ressaltar as dores, os incômodos, a fome, os desejos, em vez de focarmos nas bênçãos de Deus.

 

Ao longo de mais ou menos doze dias de UTI (onde tive que ficar), ansiosamente esperava o nosso filho primogênito, diariamente, chegar e me dizer: “Te amo minha veia linda.” Sim, sua presteza foi excelente e surpreendente; estendia suas mãos sobre mim e me ajudava a manter o foco no Senhor. Abrindo um parêntese, tenho de dizer que nos últimos tempos eu andava tendo muito conflito com ele. Não sabia como conquistá-lo. Facilmente ele se irritava asperamente comigo. Tudo que eu fazia não o alcançava. Pedia a Deus sabedoria, até que um dia, clamando ao Senhor, pedi que Ele fizesse algo para eu alcançá-lo. Não sabia eu que o Senhor já estava agindo. O meu relacionamento com o Senhor precisava também melhorar, e como precisava! Veio a cirurgia e, para surpresa de todos, inclusive do médico, passei a ter arritmia e um problema nos rins. Tudo era relatado pelo “Extra extra.”  Adriana colocava todos os motivos de oração, relacionando as prioridades. O Senhor agia mesmo que não percebêssemos.

 

Depois de semanas, fui para o quarto, dando adeus a todos da UTI, onde fiz muitos amigos. Mas o Senhor não havia completado Sua obra. Tanto o meu ser como minha súplica estavam em vias de se cumprir. No quarto comecei a passar mal. A arritmia voltou com gravidade e tiveram que me remover de volta para a UTI. No quarto não cheguei a passar nem mesmo uma noite. Adri, que me acompanhava, levou-me de volta. Gleida falava diariamente com a família e estava impaciente por não poder vir a Recife. Duas vezes ela tentou. Na primeira, ela teve de acompanhar o marido com Covid, impedindo a sua vinda. Os dias eram infinitos para ela. Outra vez, foi o filho dela que foi acometido da doença. Portanto, ela só podia me acompanhar de longe. Mas Deus tinha um plano que ainda estava para se cumprir. O clamor da mãe para rever o amor do filho e o alinhamento interior estavam a caminho, mas ela não sabia.

 

No retorno à UTI, o meu lugar foi preservado. Ali eu estava entrando para surpresa de todos. “Cheguei!” E acenava com as mãos para os médicos, enfermeiras e pacientes. Novamente, em frente ao posto médico, todos os olhares deles eram diretos para o meu leito. Os cuidados de todos foram inesquecíveis. Tudo providência de Deus!

 

Numa determina hora, e em determinado dia, Gleida recebeu um telefonema do hospital, pois eu era vítima de muitas paradas cardíacas. Escreveu ela: “Nesses dias contávamos com orações de muitos amigos e das igrejas que os familiares e amigos participavam. Mamãe é muito amável e querida em diferentes comunidades cristãs no Brasil. Havia participado de Missões Nacionais da CBB e de viagens missionárias fora do país, juntamente com o papai Zaqueu, quando escreveram o livro de Missões Mundiais. Foi voluntária em vários ministérios. No auge da pandemia usava as redes de comunicação para acolher irmãos em oração e enviar mensagens de esperança. Eu estava resiliente e convicta de que a vida de mamãe estava nas mãos de Deus. Ela morava em Recife, mas resolveu ser operada no Hospital Esperança, em Olinda. Quando vi a foto de mamãe com meu irmão, ela estava tão pálida! Senti como se fosse a última vez que a veria. Que aperto no meu coração! Eu continuava longe sem poder acompanhar de perto. Mamãe evoluía com arritmia de repetição e uma fraqueza persistente.”

 

Na UTI, o Senhor me deu oportunidade para orar. Encontrei alguns enfermeiros e médicos cristãos. Era comum perceber a harmonia dos que administravam. Várias vezes, estendia as mãos em direção aos leitos dos que clamavam com dores ou com gemidos de angústia. Orava por aquelas pessoas que eu não sabia sequer os seus nomes. Alegrava-me quando vinha a resposta quase que imediata de Deus.

 

Um dia, no leito ao meu lado, um senhor e sua companheira passavam a noite em aflição até que houvesse a transferência para outro centro cirúrgico. Quando iam saindo, chamei a acompanhante e orei com ela, pedindo pelo seu marido. Ela saiu emocionada e feliz. Mas essa oração, que também me emocionou muito, contribuiu para ter aumentado a minha arritmia. Quando meu filho Greiton veio me ver, o enfermeiro lhe contou o que havia ocorrido. Greiton então disse: “Mamãe, ore pelas pessoas, mas não se emocione tanto, pois isso não é bom para você”. Não sabia ele, nem eu, que o pior estava por vir. Adriana, com singeleza, ministrava a Palavra, passando o boletim do dia e uma mensagem de encorajamento. Ela muitas vezes tinha de responder individualmente para muitos que não tinham condição de esperar o outro dia. E sempre tais palavras eram encorajadoras e de fidelidade ao Senhor.

Gleida havia se programado, finalmente, para vir, depois da sua quarentena. O médico da UTI fez uma ligação para Gleida e ela achou estranha. O que teria acontecido? Foi informada das incontáveis paradas cardíacas que eu tive durante uma hora e quinze minutos. Ainda na UTI foi chamado o cirurgião de emergência e um dos cirurgiões da equipe médica. O primeiro iniciou a cirurgia ali mesmo na UTI, fazendo uma incisão onde deveria sair o sangue alojado em volta do coração. Enquanto isso, Dr. Edmilson lutava contra a distância para chegar ao Hospital. Sua chegada foi surpreendentemente rápida. Assim que chegou, assumiu a cirurgia e me levou ao centro cirúrgico, bombeando com suas mãos o meu coração. Deus havia providenciado cada coisa. Tudo ao seu tempo.

Disse Gleida: “Meu mundo caiu no chão. Achava que estava preparada para tudo e, de repente, vi-me com uma dor maior que meu coração. Saí direto para pegar um par de roupas e tentar entrar em um voo para Recife. Passei a notícia para meus irmãos, já preparando a todos para o provável desfecho de morte ou alta sequela pela parada cardíaca prolongada. Meu irmão que mora fora, Glênisson, o caçula da família, que estava de sobreaviso, caso precisasse de sua ajuda, se mobilizou para ir para Recife junto com sua esposa, Lisa. Que dias difíceis!!!”

 

Não resta dúvida de que os dias foram muito difíceis. E digo, aí começou a resposta e a providência Divina.

 

Quando Greiton teve a notícia, foi imediatamente para o hospital, dirigindo, chorando e orando. Ele clamou a Deus pela minha vida, e dizia ao Senhor: “Eu ainda tenho coisas para falar com ela; Senhor põe as tuas mãos sobre mamãe”!  Deus então lhe deu uma visão especial. Ele viu um grande anjo abraçando as mãos do cirurgião e, junto com outro cirurgião, eles faziam o procedimento. Ao chegar à UTI, ele se assustou ao ver que o cirurgião era exatamente o mesmo que estava em sua visão. O cirurgião veio ao seu encontro e ele achava que vinha a notícia da partida de mamãe, porém o médico falou que a cirurgia foi dura, mas conseguiram resolver o sangramento e que seria necessário aguardar para ver como eu reagiria. Greiton se manteve muito esperançoso, aguardando as notícias. Mas com a Gleida foi o inverso; já falava que era necessário nos preparar para os dias difíceis e a alta chance de eu ficar vegetativa ou morrer. Antes de Gleida chegar, uma das noites, parecia que eu não ia mais viver, foi então que me lembrei da súplica de um dos profetas pedindo para viver mais alguns anos. Lembro que pedi ao Senhor para eu ver meus filhos que estavam distantes e meu marido mais uma vez. Depois ele me levasse. O Senhor respondeu, chegou Gleida, depois Lisa e Glênisson, Gustavo e meu neto Timóteo, também Greiton conseguiu que o Dr. Luiz Carlos autorizasse a vinda do Zaqueu. Foi um dia gracioso. Ele chegou e falou bem alto, com aquela voz forte: “Te amo Weissinha”! Todos na UTI ouviram sua declaração. E eu alegrei-me no Senhor, porque ele ouviu minha voz. Salmo...

 

No seu relato, Gleida afirmou: “Cheguei a Recife na madrugada, e fomos imediatamente para o hospital”. (Greiton havia solicitado ao Dr. Luiz Carlos, permissão para Gleida, assim que chegasse, fosse ao hospital para me visitar). Disse ela: “No caminho orava pedindo a Deus que permitisse ver minha mãe viva, ao menos um pouquinho. De manhã, a mamãe conseguiu se comunicar escrevendo em papel. No outro dia percebemos que não tinha sequelas motoras grosseiras. Alguns momentos mamãe estava tão instável que me parecia que não teria como passar a noite viva. Teve vários períodos de arritmias, inclusive com período de pausa cardíaca (breve parada do coração), necessitando de marca-passo. E, no outro dia à noite, saiu do tubo, mas persistiu com períodos de confusão mental e de arritmias. Cada dia em que ia ao CTI, entrava com o coração apertado, com receio de ver mais alguma intercorrência grave e até me parecia que não ia encontrá-la viva. No segundo dia após a parada cardíaca, mamãe ficou muito mal e achava que não ia sobreviver. Fazia gestos como se estivesse morrendo. Mas Deus levantou seus irmãos paternos e uma sobrinha para passar uma noite em vigília de oração. Quando amanheceu o dia, Deus encheu o coração deles de alegria com a resposta que ela sobreviveria às provas. E, de fato, no outro dia, mamãe já não parecia estar partindo e começou a melhorar”. 

 

Possivelmente foi em um desses dias que tive um encontro com o Senhor. Estava disposta a não mais lutar. Para mim, chegara o fim. Nessa noite, no entanto, eu me deparei olhando para Jesus, todo ensanguentado carregando aquela grande Cruz. Eu parei, olhei e, imediatamente, me debrucei em lágrimas, pedindo ao Senhor que me perdoasse. O meu sofrimento não era nada, considerando o sofrimento do Senhor. Eu, que havia sinalizado para minha filha Gleida que não queria mais lutar, agora estava me colocando disponível para lutar e fazer o que Deus havia planejado para mim.

 

Uma enfermeira do CTI relatou para um dos meus filhos que, durante minha parada cardíaca, ela viu muitos anjos em volta do meu leito, cuidando de mim. A enfermeira comentou que ficaram surpresos de eu ter sobrevivido a tão grande provação.

 

Continuou Gleida: “Algumas intercorrências clínicas ocorreram de forma não usual; mamãe evoluiu com insuficiência cardíaca tardia e em seguida apresentou insuficiência renal. A cada dia, mais uma dificuldade surpreendia, contudo, a alegria do Senhor nos alimentava e, assim, compreendi que era do jeito de Deus e no tempo de Deus. Se Deus quisesse, mamãe viveria mais algumas horas, ou mais alguns dias, ou meses ou anos... do jeito de Deus e para glória dEle. As lágrimas alimentavam a minha alma. Uma tristeza muito grande em estar vendo mamãe com tanto desconforto e mal-estar. Fomos sustentados pelas orações dos irmãos e amigos. Achei preciosa a oração de meu sobrinho Gadiel, filho de Adri e Greiton, que pedia a Deus para que eu olhasse com os olhos espirituais e não com olhos humanos e técnicos de médica. Essas palavras me tocaram muito, pois queria compreender apenas com conhecimentos médicos. Mas as coisas vão além do entendimento. Somos muito limitados, mas nosso Deus é Onipotente, Todo Poderoso!!! No quarto dia após a parada cardíaca, mamãe foi transferida para o CTI compartilhado e nós poderíamos ficar o dia todo com ela. Que alegria!!! Os dias que passei lá eram inundados de adoração a Deus. Louvores e textos bíblicos alimentavam as nossas almas e nos enchiam de esperança. Fizemos até uma coleção de lindos hinos que sempre alegravam o coração de mamãe”.

 

“Os profissionais, então, como cuidaram dela! Alguns de outros setores do hospital iam visitar mamãe e até alguns curiosos iam lá para ver a mulher do milagre de Deus. Foi impressionante! Meu esposo e filho Timóteo vieram para Recife e foi muito importante estarmos todos juntos, fortalecendo-nos e ajudando, cada um com uma missão própria. A recuperação de mamãe foi impressionante e muito mais rápida do que se esperaria após os eventos. Ela saiu do hospital andando e já ajudando em seus cuidados, apesar de ainda frágil e necessitando de apoio dos familiares”.

 

“Deus tirou da cena a mim, Glênisson, nossos cônjuges e Timóteo, pois tivemos que voltar para os nossos afazeres, ficando apenas a família de meu irmão Greiton para ajudar nos últimos dias no hospital e na recuperação em casa. Certamente o Senhor deixou claro que Ele usa quem Ele quer e no tempo que Ele quiser. E assim eu assisti de camarote as bondades de Deus sobre a minha família. Em todo tempo Deus é bom! E desejo que todos experimentem a amizade única e transformadora com Jesus, Aquele que esteve conosco e nos carregou no colo nos dias mais difíceis da nossa vida. A Deus toda glória, toda honra e poder!!!”

 

Sim, esse foi o testemunho da nossa filha.

 

Realmente foi muito gostoso ouvir Gustavo cantando ao violão para me alegrar; também o Gadiel levou seu violão para me abençoar. Tanto um como o outro cantaram canções de sua autoria. Meu orgulho era grande! Além do privilégio de louvar ao Senhor com as músicas cantadas e tocadas. O dia da ida dos netos chegou, pois, só podiam entrar dois de cada vez. Tive o carinho de Timóteo e Levi Hadriel; eles oraram comigo e fizeram muitas declarações de amor para a vovó. Mas a missão de Adriana e Greiton se estendeu por mais dois meses. Eles se mudaram para nosso apartamento, deixando os filhos cuidando deles próprios, sendo assistidos à distância.  Em casa, o “Extra Extra” ficou desativado, mas a contribuição da minha filha Adriana foi inquestionável. Ela levou a mensagem às últimas consequências e nossa vida foi acrescida de muitas experiências.

 

Os meus filhos Glênisson e Lisa vieram de muito longe, trazendo sua alegria e muita paz. Além de ficar comigo alguns dias, Lisa fez grande companhia a Zaqueu, levando-o para andar à beira-mar, muitas vezes. Glênisson, com grandes responsabilidades na Universidade em que trabalha, veio ficar conosco dando apoio. Ele também dormiu no hospital comigo, e transmitia muita paz, muito carinho. Como é boa sua companhia! A presença dos seus filhos não foi possível, mas estavam presentes pelo Face Time. Cada dia mais, glorifico a Deus pela vida dos filhos e netos. Já no final dos meus dias no Hospital, fiz aniversario e fui surpreendida com a visita de enfermeiras, o pessoal da cozinha, e fisioterapeutas cantando parabéns e me trazendo um bolo, mas não faltaram balões e fotos. Três dias depois fui para casa.

 

Termino aqui meu testemunho dizendo aos irmãos da Igreja de Cristo que vale a pena esperar com fé no Deus Eterno. Tentei seguir o profeta em Lamentações, trazendo à memória o que me pode dar esperança. De fato, as misericórdias de Deus são a causa de não sermos consumidos, pois suas misericórdias não têm fim. Como fui renovada pelo Espírito Santo! Como toda a nossa família foi abençoada, ao surgirem, todos os dias, novos milagres. Em um dos dias em que Greiton e Adriana estavam conosco em casa, fui acompanhar Greiton para levar Lita (minha grande e amada amiga que mora conosco há cinquenta anos) em sua casa. Durante a minha ausência, ela foi de um enorme carinho e cuidado com meu amor. Uma cuidadora maravilhosa. No retorno para casa, a resposta de Deus ao meu pedido se concretizou, pois fui surpreendida pela linda declaração de amor e pedido de perdão do meu primogênito, por ter agido muitas vezes com impaciência e rispidez. Que alegria reinou no meu coração, ver a resposta de Deus tão claramente. Dei graças ao Senhor pela implacável resposta e pelos dias de cirurgia.

 

A Ele toda a Gloria!!!