Julho Amarelo


O mês de Julho é utilizado também para um alerta sobre as Hepatites Virais. Confira o artigo preparado pela Dra. Rose Gláucia, especialmente para o site Emanuel.


Hepatites Virais

A hepatite é a inflamação do fígado, importante glândula do corpo, um dos principais órgãos, com as principais funções de: 

• Produção de bile;


• Processamento e armazenamento de nutrientes


• Armazenamento vitamínico 


• Produzir e atuar na manutenção de células sanguíneas (Hemácias); 


• Sintetizar proteínas presentes no plasma sanguíneo, como a albumina; 


• Produzir precursores de plaquetas (responsáveis pela coagulação sanguínea);


• Converter amônia oriunda da quebra dos aminoácidos em ureia;


• Desintoxicação do organismo. 


 

As hepatites podem ser causadas também por medicamentos, álcool e outras drogas, além de doenças metabólicas, autoimunes e genéticas, que são causas não infecciosas. 


Devido à sua importância como agravo de Saúde Pública, a Organização Mundial da Saúde, em 2010 elegeu 28/7 como data especial de luta contra a doença com o intuito de ampliar conhecimentos, evitar, testar, tratar e eliminar a hepatite. No Brasil, a lei no13.802/2019, instituiu o “Julho Amarelo” para se intensificar ações relacionadas à luta contra hepatites virais. Cada Estado com seus municípios e secretarias de saúde devem implementam ações estratégicas com esse fim. Todo profissional de saúde tem a obrigação de notificar casos diagnosticados, pois é doença de notificação compulsória. 


No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B, C e D. Existe ainda o vírus E, mais frequente na África e na Ásia. No Brasil, milhões de pessoas são portadoras dos vírus B ou C e não sabem, correndo o risco de evolução dessas doenças para a cronicidade, causando danos mais graves ao fígado como cirrose e câncer. A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas formas agudas de hepatite (não se tornam crônicas). Isso quer dizer que após uma hepatite A ou E, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo. Por outro lado, as hepatites causadas pelos vírus B, C e D podem apresentar tanto formas agudas, quanto crônicas de infecção, quando a doença persiste no organismo por mais de 6 meses. No estado de Pernambuco, assim como em todo o Brasil, exceto região Norte, os vírus mais frequentemente notificados são A, B e C. 


Atenção! Hepatite Viral é uma doença silenciosa, nem sempre apresenta sintomas, mas quando aparecem, podem ser: Cansaço, Febre, Mal-estar, Tontura, Enjoo, Vômitos, Dor Abdominal, Pele e Olhos Amarelados, Urina Escura e Fezes Claras. 

Tipos de Hepatites Virais prevalentes no Brasil 
(Principais características quanto à fonte de infecção e modo de transmissão): 


HEPATITE A - transmissão oro-fecal, por água e alimentos contaminados ou contato pessoal com pessoas infectadas. O vírus da hepatite A tem distribuição mundial e apresenta maior disseminação em áreas onde são precárias as condições sanitárias e de higiene da população. Nestas áreas, a hepatite A apresenta-se como uma doença típica da infância. Com a melhoria das condições socioeconômicas, os adultos jovens constituem o grupo mais susceptível à infecção. É tratada com sintomáticos e medidas suportivas quando diagnosticadas. Muitas pessoas, especialmente crianças, tiveram hepatite A e nem tomaram conhecimento porque apresentaram forma leve da doença que na maioria das vezes se apresenta benigna.

HEPATITE B - via primária de transmissão é a parenteral, por contato com sangue e hemoderivados. É também transmitida por contato sexual e de mãe infectada para o recém-nascido (durante o parto ou no período perinatal). Grupos de alto risco incluem os usuários de drogas injetáveis, homossexuais/heterossexuais com múltiplos parceiros. 

HEPATITE C - a forma mais comum de transmissão é a parenteral, por exposição percutânea direta ao sangue, hemoderivados ou instrumental cirúrgico contaminado. Receptores de sangue e derivados, usuários de drogas injetáveis, pacientes de hemodiálise e profissionais de saúde (vítimas de acidentes perfuro-cortantes) apresentam alto risco de infecção pelo HCV. 

HEPATITE D - O agente Delta é um vírus defectivo que precisa, para sua replicação e expressão, da função auxiliar do vírus da hepatite B. A forma de transmissão é similar à da hepatite B. A hepatite D apresenta caráter endêmico nas regiões de alta prevalência para a hepatite B, onde a transmissão se dá principalmente por vias não-parenterais (vertical ou por contato pessoal). Nos países apresentando baixa prevalência para a hepatite B, a infecção pelo vírus Delta ocorre principalmente entre os usuários de drogas injetáveis e os hemofílicos. 

O diagnóstico laboratorial das hepatites virais inclui as provas da função hepática e a pesquisa de marcadores sorológicos específicos (antígenos e anticorpos). Testes complementares para a detecção direta do genoma viral podem ser necessários para confirmação diagnóstica, determinação do genótipo infectante ou monitoramento da resposta à terapia antiviral. 

As medidas preventivas incluem o saneamento básico, as boas práticas de higiene pessoal, o uso de preservativos, o uso de agulhas e seringas descartáveis, o não compartilhamento de objetos perfuro-cortantes (barbeadores, instrumentos de manicure/pedicuro, etc.). Já existem vacinas para as hepatites A e B; esta última pode ser adquirida nos postos de saúde da rede pública. 

A vacina para hepatite B está disponível nos postos de saúde e devem ser repetidas a cada 10 anos. Todo brasileiro de qualquer idade deve ter seu cartão de vacinas atualizado. A vacina contra hepatite A ainda não é disponibilizada na rede pública. Todos os indivíduos acima de 40 anos devem ser testados para as hepatites B e C. Esses testes estão disponíveis nos postos de saúde. 

Indivíduos infectados pelo vírus da hepatite B têm 5% a 10% de risco de tornarem-se doentes crônicos. Na hepatite C, o risco é de 85%. O tratamento das hepatites B e C é feito com agentes antivirais, com 70% e 35% de sucesso, respectivamente e são dispensados na rede pública. 

É indispensável que haja a colaboração dos gestores de saúde, estaduais e municipais,  profissionais de saúde, representantes da sociedade civil e aqueles que detêm o poder de comunicação para a prevenção desse agravo de relevância epidemiológica. Além desses atores é fundamental a participação da população geral, especialmente no que se refere à prevenção. 

Fontes: Ministério da Saúde, FIOCRUZ Manguinhos, Secretaria de Saúde de Pernambuco